segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Ao caminhar

Amor não se acha. Tropeça.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Planando na Paulista do 19º andar


Ainda olho da janela. Gosto das janelas. Dessa ampla, que dá para ver o céu além dos prédios. E as ruas retas e longas que continuam. Também vejo luzes. Sintéticas e as feitas de poeira estelar. Todas misteriosas.
Também gosto do elevador. Ele sobe continuamente, parece que chego na torre escondida onde a vida interna pulsa. As vizinhas, mineiras. Daquela que viajam e um dia vão voltar a conviver com as cores. Nunca me convidaram para o jantar, mas me emprestaram o chuveiro. O canteiro no fundo é de um jardim encantado. Lá mora uma pricesinha de cabelos longos, encaracolados e escuros. O princípezinho nasceu há pouco. Estante de livros, árvore de natal, flores de plástico. Tudo para tornar a vida mais desenhada. "Elas não morrem". Diz o amigo na desvairada noite enquanto o elevador gigante de serviço não chega.


Aqui também pisei macio. Desconfiada dos anos de vidas desses ácaros, mas certa de que o chão é coberto. De carpete rosa. No meu quarto de menina. Incríveis móveis Dinucci da década de 40. Rosa, branco, dourado. Uma linda história de amor se passou aqui. No passado empoeirado de 50 anos atrás. E no recente de alguns meses. Aqui aprendi a amar e a desgostar. Mas principalmente me apaixonei por mim. Enlouquecidamente. E passei a acordar consciente de que dormi. Depois de noites inquietas, despertar noturnos e inesperados. Aqui ficou bonito, mas denso demais para uma alma que aprendeu voar com a brisa. Planando na Paulista. 



Acordei diversas manhãs-madrugadas com o meu amigo Sol a me cumprimentar. Ele que me acompanha mesmo nas ruas frias de São Paulo. Dancei nesse sofá duro. Botei gente pra dormir no chão. Derrubei vinho no carpete marrom. Meia luz. Luz inteira. Comprei plantas. Desfiz nós. Nunca montei o varal de roupas. 

O espelho imponente a me espreitar logo na entrada como a me dizer: "Olá. Tem gente aqui". Ah, sim. Tem gente. Tem histórias. Incontáveis. Mas eu passei. Ouvi constantemente o barulho dos ônibus a acelerar nas horas frenéticas da semana. Vi as pessoas bonitas, principalmente pela certeza, ao caminhar sábado pelas calçadas. Vi a passeata Hare Krishna. Da colorida, me "absti". Do Reveillon eu fugi. Bebi dinheiro nos bares do "Prainha" e fica minha homenagem ao Pier, onde encostei meu barco pirata por diversas noites.  Aquela abraço para o atendente simpático do bar ao lado do metrô. Para o porteiro meu fã, aquele abraço! Para o outro que fala mais do que o velho da cobra, aquele abraço também. Passo um dia por aqui e te pago uma cerveja. À todos os famosos e interessantes que não conheci, um beijo estalado. Aos loucos de plantão, saudades! Um dia encontro vocês. Quem sabe. 

À Rose minha querida, reverências. Pelas doses de bom senso. Pelo exercício do amor e da amizade. Ao senhor Fernando, que figura! Me proporcionou alguns testes de resistência com a porta do armário despencando na minha cabeça e três banhos gelados no inverno. Vai se despedir de mim com um macarrão à putanesca que ele aprendeu a fazer em Roma. Se ficar bom, eu conto. Ou não. Eu como. Vou feliz. Planando na Paulista.

Desço a Brigadeiro contente. Volto dançando no eterno vai-e-vem da teoria das supercordas. Shivaya canta e dança no som enquanto eu escrevo. Nesse mundo que vira. Eu amo dançar. Um pé lá, outro cá. Prontos pra mudar de lugar.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sobre o amor de alguém

"Daqui a pouco terei um filho chamado Vicente. Neste instante ele se encontra na barriga de sua mãe, que é meu amor e minha mulher. Ele ainda não me viu, embora eu já o tenha visto em meus sonhos, correndo pra lá e pra cá, rindo alto como faz todo moleque azougado.
Acho que ele vai ser uma criança bacana, dessas que respeitam os mais velhos, comem salada e amam seus amigos. Tomara que seja corajoso feito a mãe – porque o pai é um frouxo. É duro pensar essas coisas, mas quando ele estiver crescidinho terei de confessar: “Filho, teu pai morre de medo de planos econômicos, golpes de estado e reformas ortográficas”. Seria muito bom que ele não tivesse vergonha de dançar e, se jogasse bola, chutasse bem com os dois pés.
Mês que vem, ele vai nascer. A barriga da mãe está enorme, a gente fica olhando e pensando no tempo, na natureza, nas bonitezas que há por aí. É como se o universo agora fosse regido por uma nova órbita cujo eixo é o umbigo de Andrea. O coração de Vicente é a força motriz que alinha os astros, regula as marés, alumia o dia.
A gente vai festejar. Reunir os amigos para falar de coisas grandes e pequenas, dragões que cabem no bolso e peixes que sabem cantar. A festa será no domingo - enquanto Deus cochila.
Logo, logo serei ancestral. Meu filho evém. Mastigando nuvens, conduzindo barcos de papel. E eu serei homem de outro sopro, de outro barro. Volto a ser menino quando me tornar avô.
Domingo, ainda serei menino".

P.S.: Esse é um convite de Evandro Camperom. Não incluiu leitores e ouvintes da sua boa música. Mas eu admiro a sensibilidade.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Começo do círculo

Eu moro nesse apartamento
E aqui tudo é mais fácil
Eu tenho esse carro
E assim tudo é mais rápido

Mas quando eu olho o relógio
Há algo estático
Parado instante

Onde está o coração?
Aquele que respira
Suspira

Que dança na chuva
Ao som de Shiva

Onde está esse dia
Que não estou nele?

P.S.: Sobre a vida do alto do olho do furacão

Em busca do itinerário

Sentada no banco da praça
Enquanto o meio-dia morre no céu
No horizonte uma árvore de formas infinitas
Onde os passarinhos brincam de pular
- O que cantas, passarinho?
- Psiu, escuta o alvorecer dentro de ti!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Céu do interior

Eu agradeço por voltar e ver aquele céu.
Bem de frente. Bem nítido.
Ele lá.
Me sinto grande de vê-lo tão belo.
Me sinto feliz de respirar sua cor.
Seja no azul da manhã.
Ou no laranja da tarde.
No profundo das noites amplas.
Porque aqui as noites são amplas.
É essa a impressão que eu tenho.
Que esse véu se estende no horizonte
infiniiiiiiiiiiiiiiiiiitoooooooo
Por todos os lados
Divino!

P.S.: Eu estava com uma vontade imensa de colocar todos os pontos!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Escrevi bonito!

http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI150538-17773,00-BOTANDO+BANCA.html

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Estado Suspenso

Eu ainda tenho medo de mudança. Mas como pode ser isso? Tatuei uma borboleta (símbolo da transformação) no meu ombro direito. Além de tê-las na parede da sala, nas capas dos cadernos e das agendas, nos detalhes do meu quarto. Criei um blog chamado ViraMundoVira. Quero sempre fazer uma coisa nova, ou mudar algo no espaço.
Mas enfim... quando ela chega traz  o velho e capenga medo
Hã!? Como assim?
Como eu posso negar o que eu quero? O que tatuei na pele? A energia que emano?
O budismo já diz:  a verdade básica é que tudo muda.
Então como eu ainda não aprendi o que é basico?
Descobri que é porque não aprendi a sofrer com prazer. Também não sei como isso é possível. Dizem que é. E no fundo eu acredito.
Não sofrer com a mudança, quando as coisas estão assim... suspensas.. prestes a acontecer... é desapegar do que se foi, porque se foi, não servia mais....e se tudo pode ser... então tudo pode ser MESMO... na real... tudo pode acontecer... inclusive aquela coisa especial que você conscientemente nem imaginou.
Então a mudança é algo mágico. Ver as coisas se transformarem pode tirar o ar... mas depois nos faz respirar melhor.
Por isso, mesmo que eu tente negar... é esse o poder em ação!
E eu aqui sem emprego fixo, sem namorado fixo, sem casa fixa...estou conseguindo me sentir um máximo. Porque daqui eu posso ser tudo... tudo que nunca fui ou melhor do que já fui.
Fixo, nem mesmo o telefone.
Porque tudo que eu preciso está no lugar certo: dentro de mim.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Homem-armário

A porta caiu na minha cabeça
E o homem cruzou o meu caminho
Rindo

Ele queria poesia
E eu afim de prosa
Acabamos por desejar aquela...
Bossa

Rock
Samba
Samba rock

Ainda não definimos
O  ritmo a dançar

Mas tão inesperado
Quanto o passo na praça
A dobradiça quebrada
E o galo na testa
Foi o homem-armário
Em auréloa branca

terça-feira, 1 de junho de 2010

O amor Fati

"Como pensara Frederich Nietzche (1844 a 1900), o amor ao destino, à vida, às coisas, ao Universo, a tudo que se torna real ao humano. Esse amor, pela inevitabilidade de se viver, constitui a grande paixão humana, em face de sua obrigatória existência" (Adenáuer Novaes)
Esse pedaço é para as tardes em que me perco. E também para as noites.  Me chama para algo inevitável...mas algumas vezes esquecido...
O bom é que uma xícara de café e uma boa prosa, ou um vinho quente ali na esquina...me faz rir e ver...essa minha insustentável leveza de ser...impermanente!

P.S.: O trocadilho do título faz uma menção honrosa ao meu coração. Mas essa viagem... é pano para outra manga!

terça-feira, 30 de março de 2010

“André, o mundo precisa de histórias felizes!!”

Ainda falando sobre cinema, três estréias parecem incentivar a democratização religiosa nesse nosso país tão vasto.

Em comemoração ao centenário de Chico Xavier

O primeiro: Chico Xavier, o filme

Dirigido por Daniel Filho, traz no elenco grandes nomes da dramaturgia brasileira como Tony Ramos, Christiane Torloni, Giuliam Gam, Cássio Gabus Mendes, entre outros. Para contar com maestria a trajetória desse que foi o grande precursor da doutrina de Allan Kardec.
Independente de crença, saliento a importância histórica da pessoa de Francisco Cândido Xavier que trouxe para a prática o evangelho de Jesus (o grande mestre na vivência do amor). Acredito que iniciativas assim ajudam não só a valorizar figuras importantes da nossa nação mas a proclamar a paz de espírito, as ações de amor e coragem nesses momentos em que a humanidade se perde no meio do consumismo e no frenesi das cobranças profissionais e sociais, esquecendo que a única coisa que nos mantém saudáveis é o nosso equilíbrio interno.

http://www.chicoxavierofilme.com.br/trailer.html

O segundo: Nosso lar

Projeto da Federação Espírita Brasileira (FEB) e Fox Filmes do Brasil. Adaptação de uma das grandes obras do espiritismo, pelo espírito André Luiz, primeiro romance psicografado pelo médium mineiro.
Em essência, "é a história de um homem que vai aprender a amar a si e aos semelhantes - e a Deus sobre todas as coisas".
Publicado inicialmente em 1944, o livro encontra-se em sua 58ª edição.

http://www.youtube.com/watch?v=MLTqdyecdHQ


O terceiro: As cartas

Dirigido por Cristina Grumbach. Conta a história de pessoas que receberam cartas psicografadas por Chico Xavier. Em destaque mães que tiveram filhos desencarnados precocemente.

Friso essas opções para quem tem a humildade de conhecer um pouco mais sobre as linhas religiosas existentes antes de julgar as concepções alheias. Como diz uma grande amiga minha “Se está te fazendo bem...“

segunda-feira, 29 de março de 2010

Como se faz para viver uma vida cheia de “nada“?

El Secreto de sus Ojos
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O argentino Juan José Campanella bateu o favorito alemão e conquistou O Oscar de Melhor Filme Estrangeiro Foto: Kevin Winter/Getty Images
(O diretor Juan Jose Campanella)



Um filme maravilhoso sobre a vida e suas implicações. A história policial, muito bem tramada, só serve de fundo, para falar das escolhas que nos fazem viver anos cheios de “nada“.
O amor vivido pelos personagens principais, as distâncias criadas pelos nossos medos sociais, a amizade, o humor, o perdão e a falta dele, os ideais políticos de justiça, tudo isso desfilando na tela com uma fotografia bem feita e jogos de câmera repletos de cenas de desfoque e profundidade. Tenso e perfeito do começo ao fim.
Parabéns aos argentinos muito mais suscetíveis às entrelhinhas da existência do que os brasileiros que competem com cenas exarcebadas de violência e pobreza.

Recomiendo la pelicula de los hermanos.

Mesmo para quem não tem paixão pelo cinema, vale a pena trocar o basiquinho do sábado à noite para ver.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Um dia de março

Não são as aguas, mas um dia. De muito sol.
E só para frisar... eu ando bastante encontrada.

O mundo virou.

Acho que esse é mesmo um ótimo nome para um blog meu.

O B R I G A D A!